A entrada massiva do aço chinês no mercado brasileiro, produzido com altos níveis de emissões de CO₂ devido ao uso intensivo de carvão mineral, tem impactado negativamente a produção nacional e a reciclagem de sucata ferrosa no Brasil, prejudicando a competitividade da indústria siderúrgica.
Enquanto a produção de aço a partir de sucata emite em média apenas 0,6 tonelada de CO₂ por tonelada produzida no Brasil, o aço chinês gera 2,4 toneladas de CO₂ por tonelada, agravando os impactos ambientais da cadeia siderúrgica global.
Atualmente, uma parcela significativa da sucata metálica gerada no Brasil é exportada, reduzindo a disponibilidade desse insumo para o setor nacional. Além disso, parte da sucata coletada não é reciclada adequadamente, seja por falta de infraestrutura, seja pela informalidade do setor.
Como consequência, o país precisa importar milhões de toneladas de metais para suprir a demanda da indústria siderúrgica — um problema que poderia ser mitigado com políticas que priorizassem o uso da sucata disponível internamente.
Como resultado, apesar do aumento da produção de aço no Brasil em 2024, a reciclagem de sucata ferrosa caiu cerca de 10% em relação a 2023, quando foram recicladas 12,5 milhões de toneladas — representando 22% da produção nacional. Esse declínio revela uma tendência preocupante: a oferta interna de sucata metálica está longe de ser plenamente aproveitada, enquanto o país continua a depender da importação de metais para atender à demanda da indústria siderúrgica.
Para mitigar esses efeitos, o Instituto E+ tem defendido o fortalecimento da regulamentação para incentivar a valorização da sucata metálica no mercado interno. Entre as principais propostas, destacam-se:
(i) o estabelecimento de acordos setoriais entre os macrogeradores, abrangendo os setores naval, automotivo, petróleo e gás, construção civil, manufatura, energia e mineração, de modo a facilitar a conexão entre sucateiros, macrogeradores e a indústria recicladora;
(ii) a criação de um regime especial de tributação para insumos recicláveis, permitindo redução ou isenção de impostos sobre a sucata metálica utilizada internamente; e
(iii) a implementação de medidas inspiradas em políticas adotadas por outros países para assegurar o abastecimento da indústria nacional.
Essas iniciativas visam aprimorar a eficiência e a transparência da cadeia logística, garantindo que a sucata metálica seja prioritariamente reaproveitada no Brasil e contribuindo para o equilíbrio da oferta interna.
Confira mais detalhes sobre o assunto em reportagem publicada pelo UOL (https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2025/02/19/aco-chines-sucata-producao-poluicao-co2-tarifa-trump-eua.htm?cmpid=copiaecola ) e em estudo desenvolvido pelo Instituto E+, disponível em https://emaisenergia.org/publicacao/factsheet-panoramas-da-industria-do-aco/