Nova Política Industrial, instrumento estratégico para a transição energética 

A nova política industrial brasileira é fundamental para posicionar o Brasil no escopo da neoindustrialização em curso em boa parte do mundo.

O processo torna-se ainda mais relevante se realmente permitir a integração da pauta industrial do país com a agenda ambiental, incluindo o aproveitamento dos recursos naturais e da biodiversidade, a perspectiva de adensamento das cadeias industriais para a transição energética e a potencial participação em cadeias globais de suprimento de produtos sustentáveis, entre outros pontos.

Para garantir a efetividade disso, também temos de dar sinais claros tanto à indústria nacional como aos parceiros internacionais. Nesse contexto, a regulação da política precisa ser cuidadosa para garantir que reconheça e inclua a uma participação efetiva da indústria brasileira na transição energética.

A integração da política industrial com os compromissos climáticos e de sustentabilidade assumidos pelo país pode assegurar que o desenvolvimento industrial proposto não se dê à custa do meio ambiente.

Mas essa integração depende de regulamentações e eventuais incentivos que deem o direcionamento correto em favor de práticas mais sustentáveis nas atividades das indústrias.

Nesse contexto, um sistema robusto de certificação de produtos sustentáveis pode ser estratégico, ampliando nossa credibilidade e aceitação nos mercados internacionais. 

Quanto à participação de cadeias do comércio verde internacional, a perspectiva é que tais parcerias fomentem o desenvolvimento de cadeias de suprimento sustentáveis, o que certamente deve passar pelo uso das fontes limpas de energia para a descarbonização da produção industrial do país.

Esse foco pode aumentar o valor agregado das exportações brasileiras, ajudando a revitalizar o setor industrial, criando empregos e fomentando inovação.

Por fim, a perspectiva de que as indústrias lancem mão das riquezas do país em termos de recursos naturais e sustentabilidade em favor do desenvolvimento de produtos verdes também atende uma forte demanda global por soluções mais ecológicas, fechando um ciclo que certamente contribuirá para o nosso desenvolvimento econômico e social. 

Posts relacionados

Artigo de Opinião

Margem Equatorial: novos ciclos de E&P vão na contramão do que precisa ser feito pelo clima

A possibilidade de o país iniciar novos ciclos de investimentos na produção de petróleo e gás natural vai na contramão das necessidades impostas pelo cenário ...
LEIA MAIS
Clipping

Por que não refinar silício no Brasil?

Tecnologias associadas à transição energética (low carbon technologies), como painéis solares e carros elétricos, representaram 11,4% das importações brasileiras vindas da China no ano passado.  ...
LEIA MAIS
Clipping

Por que precisamos conversar sobre adicionalidade*

Pedro Guedes**  Os anúncios de projetos para produção de hidrogênio de baixo carbono a partir de eletrólise da água, assim como os de combustíveis avançados ...
LEIA MAIS
Clipping

Por que a Alemanha revisitar o hidrogênio verde pode ser uma boa notícia

A possibilidade de a Alemanha revisitar seus planos para o hidrogênio de baixas emissões de carbono provoca uma reflexão sobre até que ponto não seria ...
LEIA MAIS