A possibilidade de o país iniciar novos ciclos de investimentos na produção de petróleo e gás natural vai na contramão das necessidades impostas pelo cenário climático, na medida em que prolongaria a expansão de uma infraestrutura de longa vida útil associada a uma alta taxa de emissão de poluentes, tornando ainda mais difícil uma transição efetiva para infraestruturas e uso de fontes de energia menos carbono-intensivas.
Além disso, decisões de investimentos tomadas hoje tendem a se concretizar apenas em médio prazo, quando as fontes fósseis devem estar perdendo espaço em favor do protagonismo da energia limpa e de outras soluções de descarbonização. Tais decisões, portanto, acabariam por acentuar nosso lock in tecnológico em investimentos que dificilmente serão recuperados.
Pelo contrário, além do phase-out gradativo da exploração, produção e consumo de combustíveis fósseis, precisamos justamente seguir em direção a esse protagonismo climático, pois, para o Brasil, riquíssimo em recursos naturais e humanos, o protagonismo climático é, além de correto em termos de salvação do planeta, uma oportunidade de início de um novo ciclo de desenvolvimento, baseado na economia verde e na conquista de mercados demandantes por produtos de baixas emissões de gases de efeito estufa.