A possibilidade de contratação de termelétricas existentes a gás natural para entrada em operação entre 2028 e 2030 (e não apenas novas, como inicialmente previsto) no Leilão de Reserva de Capacidade na forma de Potência de 2025 (LRCAP) marcado para junho serve de alento do ponto de vista da questão climática, tendo em vista que inicialmente as regras eram ainda piores. A avaliação é do Instituto E+ Transição Energética, que vê com muita preocupação o aumento da instalação da fonte no parque elétrico brasileiro.
Nesta segunda-feira (6), o Ministério de Minas e Energia publicou portaria informando que termelétricas existentes poderão disputar contratos para entrega de potência a partir de 2028, 2029 e 2030, alterando o texto da semana passada que abria essa possibilidade apenas a novos empreendimentos.
“O ideal seria o país não depender de fontes fósseis para a geração de energia elétrica. Por ora, isso não é possível, mas precisamos romper esse ciclo”, alerta a diretora-executiva da entidade, Rosana Santos, destacando que a contratação de novas usinas prolongaria a expansão de uma infraestrutura de longa vida útil associada a uma alta taxa de emissão de poluentes, tornando ainda mais difícil uma transição efetiva para infraestruturas e uso de fontes de energia menos carbono-intensivas.
“A contratação de novas térmicas ameaça a ambição de o país se posicionar como um importante ator em favor da descarbonização global, por meio da fabricação de produtos de baixas emissões de carbono para uso próprio e para o mercado internacional”, completa a diretora.
Além disso, Santos lembra que decisões de investimentos desse tipo tendem a se concretizar apenas em médio e longo prazo, quando as fontes fósseis devem estar perdendo espaço em favor do protagonismo da energia limpa e de outras soluções de descarbonização. “Tais decisões, portanto, acabariam por acentuar nosso lock in tecnológico em investimentos que dificilmente serão recuperados”, reforça.
Resposta da demanda – Ao invés da geração térmica, o Instituto E+ defende mais espaço para o mecanismo de resposta da demanda no aumento da flexibilidade necessária ao sistema elétrico para o atendimento do horário de ponta.
O mecanismo funciona por meio do estabelecimento de contratos com grandes consumidores semelhantes aos feitos com geradores. A diferença é que, ao invés de entregarem energia quando forem despachados, esses agentes deixam de consumi-la, com agilidade de entrada e saída semelhante à de uma hidrelétrica.
Além de ser amigável em termos de emissões de gases de efeito estufa, a alternativa pode ter custos inferiores à geração térmica, como mostra o estudo As crises de energia no Brasil: reflexões para um gerenciamento efetivo, produzido pelo Instituto E+.