Powershoring e jobsharing: estratégias para uma transição energética competitiva e inclusiva

O powershoring e o jobsharing podem impulsionar a competitividade e a inclusão no Brasil no contexto da transição energética, contribuindo para a construção de uma economia de baixo carbono mais equilibrada e sustentável. 

A avaliação foi feita pela especialista em Transição Energética do Instituto E+ Marina Almeida no “Panel Discussion on Future of Renewable Energy in Brazil – Technology and Job Quality: Solar, Wind, Green Hydro, and Battery Storage Trade Associations, along with Climate NGOs”, que aconteceu em São Paulo em meados de março. 

O debate também contou com a participação de Rodrigo Lopes Sauaia, CEO da ABSOLAR; Matheus Eurico Soares de Noronha, Head de Offshore Wind na ABEEólica; Luiz Mello, Head de Desenvolvimento de Negócios na Thyssenkrupp Decarbonization Technologies e Coordenador do Grupo de Trabalho de Demanda da ABIHV; e Amanda Ohara, Coordenadora do Portfólio de Energia no Instituto Clima e Sociedade. A moderação ficou por conta de Mike Williams, Membro sênior do Center for American Progress. 

O powershoring se refere à realocação de cadeias produtivas para países que oferecem energia limpa e acessível, além de recursos naturais estratégicos. O Brasil tem vantagens competitivas claras: uma matriz elétrica majoritariamente renovável, infraestrutura energética robusta, disponibilidade de água e acesso a minerais críticos. Essas condições tornam o país um destino atrativo para novas indústrias com baixas emissões de carbono. 

Já o jobsharing foca na redistribuição de empregos industriais para regiões historicamente marginalizadas do processo de industrialização. O Brasil pode se beneficiar desse movimento, especialmente se houver políticas voltadas à capacitação técnica e profissional em setores estratégicos da transição energética. 

Almeida, do Instituto E+, ressaltou que a requalificação da mão de obra é essencial para alinhar as demandas futuras do mercado com a oferta de trabalhadores capacitados. Isso significa atualizar currículos, modernizar laboratórios e incentivar parcerias entre universidades, escolas técnicas e empresas.  

Além disso, fortalecer arranjos produtivos locais e cooperativas pode descentralizar oportunidades e reduzir desigualdades regionais. 

A velocidade das transformações no setor energético impõe desafios à formação profissional. O Brasil precisa preparar sua força de trabalho para uma economia verde de maneira dinâmica e alinhada ao mercado. 

As soluções para a formação profissional voltada à economia verde que foram discutidas no painel também incluem: 

  • criação de programas de educação continuada e parcerias público-privadas para capacitação; 
  • fomento à educação técnica no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, para reduzir desigualdades regionais; e 
  • alinhamento entre políticas industriais, energéticas e educacionais para garantir a oferta de empregos verdes de qualidade. 

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