Brasil, entre o aumento da exploração de petróleo e a busca da liderança climática*

Mesmo diante de uma crise histórica que atingiu quase 95% das cidades gaúchas, do fato de disponibilizar bilhões de reais para a reconstrução do estado e de reconhecer que os impactos do aquecimento global já são uma realidade, o governo federal continua a dar sinais de que pretende continuar a avançar em investimentos nos principais causadores da crise do clima: os combustíveis fósseis.

“É contraditório? É, porque estamos apostando muito na transição energética. Mas enquanto a transição energética não resolve o nosso problema, o Brasil tem que ganhar dinheiro com esse petróleo”, reconheceu Lula em entrevista à rádio CBN, ao falar sobre a possibilidade de extrair petróleo da Margem Equatorial, área do litoral brasileiro que se estende do Rio Grande do Norte ao Amapá, a poucos quilômetros da floresta amazônica.

Para a diretora-executiva do Instituto E+ Transição Energética, Rosana Santos, o Brasil corre o risco de sujar a própria imagem e de tirar o foco da oportunidade de se tornar uma potência verde para investir em um ativo que estará defasado em poucos anos. “Partindo do pressuposto de que os países com os quais o Brasil faz negócios estão levando a sério o net zero até 2050, o Brasil não conseguirá vender esse petróleo por muito tempo”, disse.

Para Santos, o investimento na indústria de baixo carbono vai gerar renda e inverter a lógica de Norte e Sul Global, na qual os países ricos e desenvolvidos, no Hemisfério Norte, têm melhores condições de vida, enquanto os países do Hemisfério Sul ainda enfrentam desafios para garantir direitos básicos. “O problema é de todos. O que estamos sofrendo aqui, de Norte a Sul do Brasil, é consequência da queima de combustíveis fósseis em todo o planeta”, disse.

* Confira aqui a íntegra da reportagem de Jennifer Ann Thomas publicada pelo portal Jota.

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