A cooperação internacional perseguida pelos agentes participantes da COP-28 não pode ficar restrita à capacitação por parte dos países desenvolvidos para que países do Sul global reduzam emissões e combustíveis fósseis, mas será preciso compartilhar o custo, o fardo, com o processo de inovação, redistribuindo empregos e investimentos. A análise foi feita por Rosana Santos, diretora-executiva do Instituto E+ Transição Energética, em evento realizado nesta segunda-feira (11 de dezembro), na COP-28.
No painel Just Industry Transition Partnerships – A proposal to link JETPs (Just Energy Transition Partnerships) with sectoral cooperation, Rosana reforçou que, embora a capacitação seja essencial, esse não é o único aspecto da cooperação internacional. Com a constante evolução do conhecimento e a da tecnologia, é preciso compartilhar as dificuldades da inovação e direcionar as cadeias de suprimentos para soluções verdes, afirmou Rosana. “Trata-se de trabalhar juntos para compartilhar o ‘fardo’ da inovação, mudar as cadeias de suprimentos, criar empregos verdes e, por fim, construir um amanhã melhor” afirmou Rosana.
O Brasil pode ser um forte agente de transformações a partir dessa concepção de cooperação internacional, já que possui uma matriz energética já bastante descarbonizada e é grande produtor de bens, como é o caso da cadeia produtiva do aço, que pode ser impulsionada para fazer uma transição verde e ainda facilitar a descarbonização da indústria de países responsáveis pela doação ou ao menos pelo financiamento de recursos, no caso de parcerias industriais.
Se o mundo quer comprar produtos verdes, inclusive industrializados, Brasil está pronto para participar, com uma indústria pronta, mas precisamos adicionar valor para a sociedade brasileira e criar empregos de qualidade, afirmou a diretora do Instituto E+.
O painel, que foi promovido pela Wuppertal Institut, Kassel University, Agora Industry e Lund University, está disponível no YouTube (link https://www.youtube.com/watch?v=nlMHp65Yd5U&list=PLBcZ22cUY9RLMkm-apVgzZ8JSi0Tsywd3&index=45). Além de Rosana, participaram Srestha Banerjee, do iForest international; Parth Kumar, da CSE India; Frank Peter, da Agora Industrie; Lukas Hermwille, do Wuppertal Institut; Stefan Lechtenböhmer, do Kassel Institute for Sustainability; e Max Ahman, da Lund University.