O G20 tem de ser um espaço para repensarmos as cadeias produtivas internacionais na busca por menores emissões e redistribuição de riquezas, avalia a diretora-executiva do Instituto E+ Transição Energética, Rosana Santos. 

Rosana acompanhou o evento O Sul global e o G20: desafios e oportunidades, realizado na sexta-feira (8 de dezembro), durante a COP-28. No painel, verificou-se uma convergência entre representantes da Índia, África do Sul e Brasil de que é preciso alinhar a preocupação entre o Norte e o Sul globais para promover mudanças reais no financiamento e alocação de esforços em ações climáticas, além de mudanças na ordem econômica e social. 

O Brasil tem três desafios principais à frente do G20 no ano que vem: lutar contra a desigualdade, estimular a agenda do desenvolvimento sustentável – inclusive por meio da cultura –, e fortalecer os organismos multilaterais para haver maior representatividade do Sul global. A mensagem foi proferida por Adriana Erthal Abdenur, assessora especial da Presidência da República. 

Adriana afirmou ainda que é preciso aproximar o Norte e o Sul nesses debates, para que o G20 ajude a implementar e acelerar as mudanças necessárias para a transição energética. No centro do debate, deve estar o combate à pobreza, mas usando instrumentos que já existem, como a Aliança Global contra a Fome, sem que seja preciso “reinventar a roda”. A representante brasileira também alertou que é preciso que os países se unam para criar medidas de atração de financiamento privado. 

No mesmo sentido, o indiano Promitente Mookherjee, da Observer Research Foundation, ressaltou a necessidade de financiamento para a transição energética em países do Sul, uma pauta que pode ser capitaneada pela presidência brasileira no G20. 

Para Mookherjee, o crescimento sustentável e inclusivo deve estar no foco do grupo para que os ganhos e esforços se tornem permanentes. “A forma de se obter sucesso nas ações para o clima é começar incluindo o Sul global”, disse.   O indiano defendeu ainda que o multilateralismo e os debates sejam “levados às massas”, o que também é uma forma de inclusão. Ele relatou como, enquanto líder do G20, a Índia fez reuniões em vários lugares do país, inclusive remotamente, o que permitiu que mais pessoas contribuíssem no processo. 

Já Alex Benkenstein, do South African Institute of International Affairs (SAIIA), chamou a atenção para a necessidade de uma sociedade mais igualitária. A África do Sul é o único país africano no G20. “Enquanto trabalhamos mais na pauta da mudança climática, temos de garantir que um planeta mais verde seja também um planeta menos desigual”, disse Benkenstein, que afirmou ainda que é preciso compartilhar entre os países a compreensão do que é uma transição energética justa. 

O sul-africano também reforçou a necessidade de se “redesenhar” a arquitetura internacional de financiamento climático, para se chegar onde é preciso, e não apenas para se mitigar as emissões. “O G20 é uma ponte entre Norte e Sul”, disse.  Sandra Pausen, do comitê organizador do T20 Brasil, afirmou que a liderança brasileira quer realizar reuniões da sociedade civil, ouvir as demandas. “Nós queremos ser efetivos. Alinhar as recomendações do G20. Vamos repensar o mundo”, disse. 

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