A gestão de resíduos e a compostagem, como formas de somar esforços para a questão climática finalmente chegaram aos debates da conferência do clima da ONU, depois de 27 edições, analisa a diretora-executiva do Instituto E+ Transição Energética, Rosana Santos. Rosana e a comitiva do Instituto E+ estão em Dubai para a COP-28 e reportam os principais debates dos eventos.
Neste sábado, 9 de dezembro, Rosana presenciou o evento Mitigação de metano e justiça ambiental como chave para avançar em planos de lixo zero, realizado no Pavilhão Chile. Participaram do painel Adalberto Maluf, secretário de Desenvolvimento Urbano e qualidade do Meio Ambiente do Brasil; Carlos Silva, presidente da Internacional Solid Waste Association (ISWA); Marcelo Mena, CEO do Global Methane Hub; Maiel Vilella, director of Global Climate Program at the Global Alliance for Incinerators Alternatives (GAIA); Aline Souza, catadora e presidente da Central de Cooperativas de Materiais Recicláveis do distrito federal e do entorno (Centcoop); Claire Henly, conselhjeira sênior e enviada sobre Mudança Climática dos Estados Unidos; e Soledad Mella, recicladora da Rede Latinoamericana de Recicladores, do Chile).
A questão da gestão de resíduos e compostagem é especialmente central quando se debatem soluções climáticas para os países em desenvolvimento e do Sul global, caso do Brasil, que se prepara para sediar a COP-30, em 2025, em Belém, no Pará. Silva, da ISWA, afirmou durante o evento que a entidade assinou acordo como governo brasileiro e com a prefeitura de Belém para ajudar, em dois anos, que a cidade esteja preparada para a COP-30. O foco da cooperação é o setor de resíduos, a reciclagem e o fomento à economia circular.
Aline Souza, por sua vez, também apontou para o desafio de Belém sediar a COP-30, já que a cidade está enfrentando o desafio de desativar o aterro de Marituba, mas ainda não há clara definição sobre o destino para o lixo gerado na região após a desativação. A especialista destaca que é importante incluir as pessoas periféricas no debate sobre os resíduos. “Se Belém vai ser modelo para os países pobres, têm de incluir os pobres no tema. Não se esqueçam de incluí-los”, afirmou Aline. Uma das estratégias que pode ser adotada pelo Brasil é uma visão melhor sobre a fração orgânica, ou seja, partir para uma separação de orgânicos na origem, sugeriu.