E+ na COP-28: Resultado da conferência foi reconhecer limite de 1,5ºC, diz Marina

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, avalia que o principal resultado da COP-28 foi o reconhecimento de que os governos e empresas têm de perseguir a contenção do aquecimento global a 1,5ºC. Marina também cobrou o alinhamento desse processo a uma transição justa, com o financiamento dos países em desenvolvimento por aqueles desenvolvidos.

A ministra concedeu entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, em Dubai, após a divulgação do texto final da COP-28. Os especialistas do Instituto E+ acompanharam a coletiva e a divulgação do documento, no qual as partes acordaram por incluir o termo “transição” a partir do cenário atual do uso dos combustíveis fósseis, mas não usaram o termo “phase out”, ou o fim efetivo do uso.

Com o reconhecimento de que é preciso concretizar o Acordo de Paris – quando o compromisso de evitar a elevação da temperatura global foi assinado –, cria-se uma rota de atuação para as próximas edições do evento, segundo Marina. “Pela primeira vez, temos um resultado que considera uma trajetória para levar ao fim do uso dos combustíveis fosseis”, afirmou a ministra.

“O alinhamento com o (compromisso de) 1,5ºC foi o grande ganho desta COP. Não tem mais (que) trabalhar com negociar uma margem, é o que a ciência está dizendo e, a partir de agora, não haverá mais como tergiversar. É arregaçar as mangas e achar os meios para agir”, disse Marina.

Para a ministra, a COP-28 foi a “COP do balanço geral”, na qual se endereçou a inexorável demanda de fazermos uma transição para o fim do uso dos combustíveis fósseis. O desafio agora, aponta a ministra, será alinhar esse processo a uma transição justa, com países desenvolvidos financiando e tomando a dianteira para compensar a transição de países em desenvolvimento, e posteriormente associar as NDCs a todos os setores da economia e a todos os combustíveis.

“Precisaremos trabalhar muito fortemente para que haja equilíbrio sobre os desafios aqui colocados, os meios de implementação na COP-29, e nossas ambições, as NDCs, na COP-30”, disse.

O texto final divulgado pela ONU nesta quarta-feira (13), último dia da COP-28, reforça as metas do Acordo de Paris, de 2015. Em seus primeiros parágrafos, fica expresso que 2023 será o ano mais quente já registrado e que a ciência aponta que os impactos de deixar a temperatura subir 2ºC serão muito maiores do que se subir 1.5ºC, e que é preciso agir neste sentido.

O documento também expressa que, para manter as emissões alinhadas com os compromissos, cada país terá de tomar suas ações, de forma diferente dentro de suas circunstâncias. Isso inclui, dentre outras medidas, triplicar a capacidade de energia renovável no planeta e dobrar a taxa de melhoria na eficiência energética até 2030; acelerar esforços para reduzir a geração de energia a carvão; e acelerar esforços para a emissão zero nos sistemas energéticos, com combustíveis zero ou de baixo carbono, até o meio do século, para, de maneira justa, alcançar net zero até 2050.

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