Ana Toni defende mecanismos de financiamento climático mais abrangentes

Em Baku, comitiva brasileira tem apoiado a busca de consensos entre os países; para a COP30, secretária do MMA pede expectativas realistas

Os recursos disponíveis nos fundos da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) são insuficientes para enfrentar os desafios climáticos globais, disse Ana Toni, secretária de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática (MMA), na COP29 hoje (22), último dia do evento. 

Em um briefing para a imprensa  com o embaixador André Corrêa do Lago, Ana reforçou a posição do Brasil de apoio ao processo de construção de consensos, especialmente nos temas de financiamento climático, mercado de carbono e adaptação. 

“Nossa missão é alcançar o consenso, utilizando uma linguagem que equilibre polarizações e promova convergências”, destacou a secretária. Mas, apesar desses esforços, a delegação brasileira reconheceu as limitações impostas pelo tempo e alertou que parte das questões poderá permanecer em aberto ao final da COP29.

Financiamento – Na entrevista, Ana Toni salientou a necessidade de mecanismos financeiros mais amplos para viabilizar a transição. “Não é com os fundos da UNFCCC que resolveremos o problema. Precisamos de um mecanismo mais abrangente para levantar recursos”, afirmou.

A secretária disse que a proposta do Brasil no G20 buscou evidenciar diferentes alternativas econômicas para angariar fundos. Nesse contexto, enfatizou que o Novo Objetivo Coletivo Quantitativo de Financiamento (NCQG) deve ser melhor estruturado, contemplando qualidade, transparência e o compromisso dos países doadores.

Em busca do consenso – O embaixador André Corrêa do Lago destacou o papel do Brasil como facilitador das discussões na COP, mas ressaltou que a influência do país foi limitada no texto final ainda em construção. “Não tivemos acesso ao texto nem o influenciamos diretamente. Nosso papel foi apoiar a presidência da COP29 e colaborar com as consultas aos países para medir as convergências e equilibrar as negociações”, explicou. Ele destacou que o Brasil realizou 14 reuniões no Rio de Janeiro antes da COP para identificar pontos de consenso que pudessem contribuir com o processo.

Um ponto central das discussões tem sido o mercado de carbono, regulado pelo Artigo 6 do Acordo de Paris. Ana Toni afirmou que há uma direção clara para implementar o mercado internacional de carbono e que um consenso em torno de critérios e metodologias é possível nesta COP. Contudo, ela alertou que avanços mais detalhados deverão ocorrer apenas na COP30.

Quanto a essa próxima edição, a delegação brasileira reforçou que cada COP deve entregar resultados próprios e que as expectativas para o evento em Belém devem ser realistas. “A liderança climática do Brasil é importante, mas os resultados das COPs são fruto do consenso global, não apenas de um país”, ressaltaram.

Em relação à adaptação, foi constatado que o tema é prioridade para diversos países, com progresso percebido nas diretrizes e indicadores que serão levados adiante. Além disso, questões como solidariedade global e mecanismos econômicos mais inclusivos foram sugeridas para estar no centro das discussões futuras.

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