Brasil leva plataforma de investimentos para a COP29

Iniciativa que será apresentada nesta quarta (13) em Baku é uma contribuição valiosa, porém tímida da atuação do país em relação ao clima

O governo brasileiro vai endereçar, na COP29, o tema do financiamento a projetos de transição energética, um dos assuntos mais esperados desta edição da conferência. Nesse contexto, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, relança a Plataforma Brasil de Investimentos Climáticos para a Transformação Ecológica (BIP). 

A BIP visa apoiar o avanço dos planos de transformação ecológica e transição climática do país, impulsionando a mobilização de capital internacional para programas e projetos. 

Para o Instituto E+, a BIP deve priorizar iniciativas alinhadas aos princípios de uma transição justa e inclusiva, promovendo a equidade regional e apoiando setores estratégicos que favoreçam a transição para uma economia de baixo carbono.

Em um contexto de crescente pressão para acelerar o combate às mudanças climáticas – e mobilizar os países desenvolvidos a financiarem esse processo nos países em desenvolvimento -, a BIP surge como uma tentativa de criar um “pipeline” de projetos alinhados às metas do governo brasileiro. 

A plataforma será responsável por mapear e priorizar projetos estratégicos, unindo a comunidade global de investidores com financiadores do setor público e privado no país, inclusive com o desenvolvimento de novos mecanismos de financiamento. A ideia é que, por meio da BIP, os investidores possam fornecer feedback sobre os obstáculos regulatórios que enfrentam, permitindo que o governo aja para aprimorar os processos.

A plataforma aposta em setores como soluções baseadas na natureza e bioeconomia, indústria e mobilidade, e energia, cada um com iniciativas focadas na descarbonização, preservação ambiental e inovação. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é o responsável pela secretaria da plataforma, com apoio do Programa de Preparação do Fundo Verde para o Clima (GCF) para o Brasil. 

A escolha dos setores de foco da BIP revela uma preocupação estratégica em áreas que oferecem grande potencial para a economia brasileira e para a preservação do meio ambiente. No setor de bioeconomia, a plataforma apoiará projetos que visam restaurar a vegetação nativa e reduzir o desmatamento, contribuindo diretamente para os compromissos do país com a preservação da Amazônia. No setor industrial, a iniciativa pretende incentivar a descarbonização de setores altamente poluentes, como o aço e o cimento, promovendo uma transição para modelos mais sustentáveis. E, na área de energia, a BIP apoia o desenvolvimento de energias renováveis como a solar e a eólica, assim como o hidrogênio de baixo carbono, evidenciando o compromisso do país com uma matriz energética limpa e eficiente.

A apresentação da plataforma será o principal momento da agenda de Alckmin na COP, excluindo-se eventos no qual o Brasil é o convidado. Será um relançamento, já que seu lançamento oficial foi feito em 24 de outubro, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em Washington, com parceiros como a Bloomberg Philanthropies e a Aliança Financeira de Glasgow para o Net Zero (GFANZ). 

Embora o lançamento da BIP seja um marco importante para a agenda ambiental e econômica brasileira, os desafios que enfrenta são consideráveis e podem demorar a gerar frutos. A plataforma precisa convencer investidores de que o Brasil está comprometido com políticas de longo prazo e com a criação de um ambiente regulatório estável e previsível. 

O envolvimento de entidades globais como a GFANZ e o Fundo Verde para o Clima pode ajudar a dar legitimidade à iniciativa, mas a implementação bem-sucedida dependerá de um esforço para alinhar as políticas e regulação nacionais com os interesses dos investidores internacionais. 

O lançamento da BIP, entretanto, representa um movimento importante do governo brasileiro para se posicionar como um líder global na transição ecológica. A iniciativa pode gerar empregos, promover inovações tecnológicas e fortalecer a posição do Brasil no cenário internacional. Além disso, na COP30, o Brasil terá a oportunidade de destacá-la como um exemplo para outros países em desenvolvimento, mostrando como iniciativas sustentáveis podem impulsionar o crescimento econômico.

Mais informações sobre a plataforma estão disponíveis aqui.

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