COP29: Energia geotérmica ganha destaque por ser firme e complementar a solar e eólica

David Turk Vice-secretário de Energia dos Estados Unidos
David Turk Vice-secretário de Energia dos Estados Unidos

Demanda crescente por energia firme pelos setores de datacenters e IA estimula desenvolvimento do segmento

A energia geotérmica ganhou destaque no evento “Unlocking the newfound potential of geothermal energy”, realizado nesta terça-feira (19), na COP29. A ideia é que apoie no atendimento da demanda crescente por eletricidade impulsionada pelo uso de inteligência artificial, datacenters e a adoção de sistemas eletrificados para substituição de fontes fósseis.

Trata-se do aproveitamento de energia disponível no interior da Terra na forma de água quente e vapor. Suas vantagens incluem o fato de não emitir gases de efeito estufa e ser uma energia firme – ou seja, seu fornecimento não varia conforme as condições climáticas, podendo complementar a intermitência da energia solar e eólica.

Conforme a especialista em Indústria do Instituto E+ Transição Energética, Simone Klein, no evento ficou claro que grandes empresas de tecnologia, como Google e Meta, têm mostrado interesse no segmento, sinalizando o protagonismo do setor privado na adoção e expansão dessa alternativa.  

Outro aspecto do desenvolvimento da fonte é a possibilidade de transição de trabalhadores e empresas do setor de petróleo e gás para a geotermia, ponto também destacado como uma oportunidade de aproveitamento de expertise já consolidada, por sua similaridade. Essa transferência de conhecimento e habilidades permite que a força de trabalho atual atue na construção de um futuro energético mais sustentável.  

A energia geotérmica aprimorada, conhecida como Enhanced Geothermal Systems (EGS), foi apontada como uma solução promissora, capaz de fornecer eletricidade limpa em regime contínuo, além de aquecer e resfriar edificações. Essa tecnologia apresenta uma pegada ambiental reduzida, com menor uso de terra em comparação a outras fontes renováveis.  

Porém, há desafios. O avanço da geotermia depende de esforços coordenados dentro dos países e também pela comunidade internacional. Nos Estados Unidos, relatórios e análises têm guiado metas ambiciosas de expansão dessa fonte. Além disso, parcerias bilaterais com países como Islândia e Japão foram mencionadas como cruciais para a transferência de tecnologia e experiências bem-sucedidas.  

O potencial global da energia geotérmica é outro ponto relevante. Países como Islândia, Quênia e Estados Unidos possuem recursos abundantes, mas a tecnologia aprimorada agora permite que áreas fora dos considerados potenciais para a fonte também sejam exploradas. Esse avanço amplia significativamente o alcance e a viabilidade da geotermia no cenário energético mundial, apontam os painelistas.

Politicamente, os painelistas destacaram que, nos Estados Unidos, a energia geotérmica conta com raro apoio bipartidário, recebendo respaldo tanto de democratas como de republicanos. Esse consenso político pode acelerar o desenvolvimento e a implementação dessa tecnologia no país.  

Por fim, o evento reforçou a urgência de continuar investindo no avanço da energia geotérmica como uma solução eficiente para mitigar os desafios climáticos, ao mesmo tempo em que atende à crescente demanda energética global de maneira sustentável e de baixo impacto ambiental.

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