Países ricos resistem a compromissos cobrados pelos países em desenvolvimento
A COP29 registrou avanços importantes nas discussões sobre o mercado de carbono, mas a questão do financiamento, principal tema desta edição, pouco avançou até agora.
No briefing sobre o andamento das negociações feito na manhã desta quinta-feira (20), ficou evidente o clima de insatisfação e desânimo entre as delegações, incluindo a brasileira.
A regulamentação do mercado de carbono foi encaminhada ainda no começo da semana passada, com o acordo entre os participantes do briefing. Por outro lado, pontos cruciais como financiamento climático e metas claras de mitigação permanecem em aberto.
De qualquer forma, os organizadores tentam acalmar os ânimos em Baku: como destacam integrantes de comitivas que participam diretamente das negociações, as COPs são sempre surpreendentes, e sempre podem ocorrer mudanças até a redação final.
Esforços contra o impasse – Desde a madrugada desta quinta-feira (21), novos textos têm sido divulgados pelos organizadores da conferência, fruto das consultas da presidência da COP com países como Brasil e Reino Unido. Esses documentos, ainda sob análise, representam uma tentativa de superar o impasse, mas enfrentam críticas quanto à falta de clareza em temas prioritários, como o apoio a grupos vulneráveis e a definição de metas financeiras robustas para o combate às mudanças climáticas.
Na apresentação do briefing, foi reforçada a necessidade de um consenso. O apelo, porém, ocorre em meio a um cenário de divergências e até agora não surtiu efeito: países desenvolvidos seguem resistindo a compromissos específicos que poderiam restringir a flexibilidade de suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), enquanto nações em desenvolvimento cobram garantias de apoio técnico e financiamento.
Neste caso, há duas propostas principais em debate: uma que estabelece metas financeiras específicas e outra que prioriza a mobilização de recursos sem estipular valores concretos. Ambas fazem referência ao relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), destacando a urgência de ações baseadas na ciência. No entanto, há críticas sobre a ausência de detalhes operacionais, especialmente em relação ao engajamento de grupos indígenas e outras populações vulneráveis.
À medida que o tempo para as negociações se esgota, aumenta a incerteza sobre os resultados finais. Apesar da promessa de que surpresas possam surgir até o encerramento, a percepção geral é de frustração.