Especialistas do Instituto E+ participam de evento sobre as potencialidades dedescarbonização na América Latina e Caribe, dentro da agenda da COP29.
Os países em desenvolvimento devem pensar em soluções customizadas para perseguirem a transição energética. No caso do Brasil, essas soluções incluem o biogás e o biometano, que podem ser usados para a descarbonização da indústria.
O assunto pautou o painel “Transformando potencialidades em realidades: a importância do legislativo para impulsionar a descarbonização e o adensamento tecnológico no setor produtivo na América Latina e Caribe”, realizado na semana passada na COP29 com a participação dos especialistas do Instituto E+ Transição Energética Clauber Leite e Marina Almeida.
O debate foi organizado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) e pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), ambos vinculados à Organização das Nações Unidas (ONU).
Os representantes do E+ alertaram, durante o painel, sobre a necessidade de se considerar as necessidades dos países individualmente, para assim avançar na resolução dos desafios e alcançar resultados mais significativos conforme as potencialidades de cada um. “Precisamos olhar para os desafios de cada país para construir uma estratégia eficiente, considerando também a governança local”, afirmou Marina.
Na oportunidade, Clauber Leite também ressaltou a urgência de o Brasil, em particular, potencializar os ganhos relativos a sua matriz energética relativamente limpa. “Precisamos parar de exportar produtos sem valor agregado e começar a produzir itens com mais valor agregado e menos emissões. Quando o Brasil, potência verde, vai se transformar em potência de desenvolvimento e empregos? Precisamos nos especializar em commodities verdes, para evitar a ‘primarização’ de nossas cadeias”, disse.
Nesse contexto, a ideia é que o país aproveite mais o seu grande potencial de produzir biometano, devido à sua capacidade de acelerar a descarbonização industrial e à facilidade de adoção, já que é composto exatamente pela mesma molécula que o gás natural fóssil. Também contribui nessa direção o fato de o Brasil já possuir infraestrutura de gás natural nas regiões mais adensadas e industrializadas, de modo que o biocombustível pode compor uma estratégia de descarbonização industrial mais simples e menos custosa do que as adotadas em outros países, que estudam principalmente alternativas como o hidrogênio verde.
Um ponto positivo da atuação brasileira no segmento do clima, apontado pelos especialistas no painel, é a participação do Ministério da Fazenda na transformação ecológica. Esse aspecto é importante, pois confere relevância a tais ações e gera mais avanços, já que a Fazenda lidera os debates econômicos e com impacto no resultado fiscal.
Resíduos sólidos: projetos pequenos com menor impacto
A dupla de especialistas do E+ também participou, nesta quinta-feira (21), do debate “Financiamento e Transição Justa no setor de Resíduos Sólidos”. Na ocasião, Clauber e Marina defenderam que os empreendedores iniciem o processo de transição adotando soluções em pequena escala, visando também o bem-estar das comunidades afetadas pelos projetos.
“Essas iniciativas podem melhorar as condições de vida da população ao ajudarem na gestão dos resíduos e também contribuírem para a oferta de energia renovável, no caso do biogás”, disse Clauber.