A COP30 é uma vitrine para o Brasil demonstrar que a neutralidade de carbono só será atingida em 2050 se houver uma reorganização ao menos parcial das cadeias produtivas globais, num movimento que também garanta a transição energética justa.
Para tanto, a implementação de medidas de mitigação das mudanças climáticas tem de estar presente de maneira transversal em toda a pauta do evento, com foco nas ações efetivas que os países podem aplicar o mais rápido possível.
No caso do Brasil, além da redução das emissões relativas ao desmatamento ilegal, é fundamental que essa pauta contemple um engajamento da indústria brasileira em favor da descarbonização como oportunidade de crescimento única em décadas.
Afinal, esse setor produtivo tem um papel na mitigação das mudanças climáticas que vai muito além da redução absoluta de suas emissões: indústrias brasileiras que usam energia limpa têm tudo para ajudar a descarbonizar também outras geografias, onde a produção hoje se dá a partir de fontes e insumos de altas emissões, num ciclo virtuoso que pode impulsionar sua produção, atrair novos investimentos e colaborar com o desenvolvimento socioeconômico do país.
Nesse contexto, o Instituto E+ Transição Energética vê com muita satisfação o estudo Transição energética como driver da descarbonização, produzido pela PwC para a Abrace Energia, e o compromisso e o interesse dos representantes da indústria em favor da aplicação, na prática, dos potenciais identificados.
Mais do que isso, a indústria também pode desempenhar um papel muito relevante para que as características do Brasil e as rotas “jabuticabas” que justamente impulsionam esses potenciais sejam reconhecidas e aceitas no resto do mundo.
Enquanto na maioria dos países descarbonização equivale a eletrificar processos ou usar hidrogênio produzido a partir de potenciais limitados de energia eólica e solar, aqui temos amplo cardápio de opções.
Lá fora, no entanto, falar em biomassas, como carvão vegetal sustentável, ou biocombustíveis é sinônimo de desmatamento da Amazônia: por desconhecimento e/ou motivações econômicas protecionistas, ignoram que nós temos condições de produzir energia limpa usando territórios seculares de agricultura tradicional, resíduos urbanos e agrícolas, áreas degradadas, numa estratégia que pode inclusive ser fundamental para a descarbonização de pequenas e médias indústrias que dificilmente terão acesso, tecnologia e capital para usar o hidrogênio de baixas emissões.
A defesa dos potenciais brasileiros combinada a investimentos locais na descarbonização da nossa produção tem tudo, portanto, para fazer a diferença na participação da indústria brasileira no combate às mudanças climáticas e no desenvolvimento do país.
O estudo está disponível no site da Abrace.