Em meio a subsídios tarifários da ordem de R$ 40 bilhões por ano, risco crescente de impactos de mudanças climáticas e a necessidade de redução da pobreza energética, o setor elétrico brasileiro precisa de uma reforma geral. Essa reforma deve combinar estratégias e atores múltiplos, incluindo o Ministério de Minas e Energia, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Congresso Nacional.
A avaliação é de Ricardo Baitelo, gerente de projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), que participou hoje do evento “Reforma do setor elétrico brasileiro: a oportunidade para o phase-out dos combustíveis fósseis”. Moderado por Fabiola Sena, fundadora da consultoria FSET e da Head Energia, e membro do Conselho Deliberativo do Instituto E+, o evento foi organizado pela entidade como parte da programação paralela da Climate Week New York 2024.
O painel contou ainda com a participação da diretora técnica da PSR, Angela Gomes; Camila Fernandes, diretora da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage); e Francisco Carlos da Silva Junior, diretor Técnico Regulatório da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).
Os especialistas também defenderam o enfrentamento dos lobbies voltados apenas para questões específicas do setor, melhorias nas condições de governança setorial e o aproveitamento do movimento reformista em favor do phase out dos combustíveis fósseis. A inteligência do mercado também deve contribuir.
Para Gomes, da PSR, os low hanging fruits desse processo incluem a adoção de sistemas de armazenamento (hidrelétricas reversíveis e baterias), a ampliação do programa de resposta pelo lado da demanda e a redução da geração a diesel nos sistemas isolados.
Silva Junior, por sua vez, também reforçou a importância do armazenamento de energia, em particular por conta do crescimento do curtailment – ou seja, as limitações da geração por restrições de transmissão ou redução do consumo, que têm afetado significativamente o segmento eólico – bem como a ampliação do sistema de transmissão.
Já na visão da Fernandes, da Abrage, as melhorias no setor dependem de ajustes na alocação dos riscos setoriais e busca de alternativas para assegurar o equilíbrio entre a oferta e a demanda.
A especialista defendeu ainda o desenvolvimento de mecanismos para se garantir uma expansão da matriz de forma diversificada. Nesse contexto, Francisco, da Abeeolica, destacou a necessidade de inclusão de sinais de preços adequados nos leilões de contratação de reserva de capacidade nessa direção.
Confira o debate na íntegra: