NYCW: Transição deve favorecer desenvolvimento do Sul Global

A descarbonização das economias passa por uma nova forma de colaboração entre os países, favorável ao desenvolvimento do Sul Global. A avaliação é da advogada Maria João Rolim, que participou nesta segunda (23) do evento “Cadeias verdes de suprimento: Brasil como um ator-chave na oferta de produtos de baixas emissões” realizado pelo Instituto E+ Transição Energética como parte da agenda paralela à programação da New York Climate Week 2024.  

“O Brasil não quer repetir a receita do passado, quando éramos apenas fornecedores de materiais naturais. Nós, países do Sul Global, também precisamos reter tecnologia, conhecimento”, defendeu Rolim no painel moderado pela diretora de Transformação Industrial do Instituto E+, Stefania Relva.  

O avanço nessas parcerias entre países para a oferta de produtos descarbonizados passa pelo desafio da criação, em paralelo, de oferta e demanda, tendo em vista inclusive o custo superior das alternativas limpas em relação às opções convencionais. Na avaliação de Chatu Gamage, do Programa Indústrias Alinhadas com o Clima do Rock Mountain Institute (RMI), a solução passa por parcerias entre os países, de modo a conciliar rampas de crescimento das diferentes etapas da cadeia. 

As participantes também destacaram desafios regulatórios do processo. Na visão de Laura Albuquerque, head do Future Climate Group, é preciso conscientizar a indústria de que a regulação é algo que pode auxiliá-la a se desenvolver, e não o contrário. Nesse sentido, citou o caso do CBAM, em que o fato de os países terem um sistema de compliance para produtos descarbonizados pode justamente transformar o mecanismo numa oportunidade para a indústria, e não numa barreira. 

Quanto às diferentes rotas de descarbonização disponíveis no Brasil, a consultora do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) Rafaela Guedes defendeu que todas as tecnologias sejam desenvolvidas e compitam entre si, com a devida transparência, inclusive na relação entre os países. “Quando entramos na discussão internacional, tem que ter transparência: estamos discutindo transição ou política industrial para proteger os mercados A, B ou C? Não tem resposta fácil. Mas se realmente queremos avançar com regulação, financiamento, o que vamos precisar é de muita transparência”, disse. 

A questão da transparência também foi destacada por Albuquerque no contexto da contribuição de pequenas e médias empresas para a descarbonização. Citando o exemplo de produção de biometano em propriedades rurais a partir de resíduos agropecuários, destacou a importância de esses produtores serem conectados a uma grande indústria âncora, num modelo que envolva também financiadores e fabricantes de equipamentos. O estabelecimento de metas claras de produção garantiria a segurança dos projetos. 

Confira o painel completo no canal do E+ no YouTube

Posts relacionados

Evento

Instituto E+ ingressa na Frente de Consumidores de Energia 

Nesta quarta (14), diretora Rosana Santos participa de seminário da entidade.  O Instituto E+ Transição Energética acaba de ingressar na Frente Nacional dos Consumidores de ...
LEIA MAIS
A comunicadora e ativista climática Marcele Oliveira, de 26 anos, foi escolhida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para representar os jovens brasileiros como Campeã de Juventude da COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), que será realizada em novembro, em Belém, no Pará.
COP30

Escolha de Jovem Campeã da COP garante equilíbrio à liderança da conferência

O presidente Lula escolheu a produtora cultural e ativista climática Marcele Oliveira como Jovem Campeã Climática da COP30. No cargo, Marcele tem a responsabilidade de ...
LEIA MAIS
Artigo de Opinião

Energia: Tramitação de reforma via MP aumenta risco de jabutis

Instituto E+ também vê com preocupação o fato de a proposta não tratar da necessidade de aumento da flexibilidade do sistema elétrico; por outro lado, ...
LEIA MAIS
Clipping

Transição, por que tanta pressa? 

Porque as metas do Acordo de Paris já não suficientes para limitar o aumento da temperatura média na Terra em 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, ...
LEIA MAIS