A diretora-executiva do Instituto E+ Transição Energética, Rosana Santos, avalia que o Brasil deve perseguir o modelo da criação de hubs de produção de hidrogênio verde, mas que é fundamental que as indústrias consumidoras estejam nesses centros energéticos.
Rosana participou do painel “A Estratégia Brasileira para o hidrogênio”, organizado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) nesta segunda-feira (4) no Pavilhão Brasil, em Dubai, durante a COP-28. O painel contou com representantes do MME, Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Eletrobras, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e Eletrobras.
“Para termos hidrogênio a preço competitivo, vamos precisar de muitos incentivos. E não podemos pegar esse esforço (da sociedade brasileira) e exportar para outra sociedade fazer a sua transição energética, assim, ‘de bandeja’”, afirmou Rosana.
Para que o hidrogênio devolva à sociedade os esforços que serão aplicados em seu desenvolvimento – seja pelo mercado de carbono, incentivos fiscais ou prêmios de preço –, Rosana avalia que o país deve priorizar o seu uso como insumo produtivo para a fabricação de produtos industrializados, como fertilizantes e aço de baixo carbono, que podem ser exportados com maior valor agregado.
“No Brasil, não faz sentido usar hidrogênio para gerar energia elétrica em usinas térmicas. Temos hidrelétricas para prover flexibilidade ao setor. O hidrogênio tem de chegar aonde está a indústria consumidora e, aí sim, gerar um valor adicionado aos nossos produtos”, disse Rosana.
O Instituto E+ está trabalhando em um estudo de georreferenciamento dos locais onde o hidrogênio verde pode ser consumido pela indústria no país, substituindo o hidrogênio cinza e reduzindo suas emissões. O estudo, segundo Rosana, permite demonstrar o potencial do uso de hidrogênio na reindustrialização do Brasil, alocando sua produção de em hubs fora dos portos marítimos: a ideia é focar na valorização dos nossos produtos industrializados tendo o hidrogênio como insumo e não na sua mera exportação como uma commodity.
O painel foi moderado por Mariana Espécie, diretora de Transição Energética do MME. Além de Rosana, o painel contou com a participação de Heloísa Esteves, diretora de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE; Luciana Costa, diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudanças Climáticas do BNDES; Henrique Paiva, coordenador-adjunto de Transição Energética da Aneel; Camila Gualda, vice-presidente de governança, riscos e conformidade da Eletrobras, e Ricardo Gedra, gerente de Análise e Informações ao Mercado da CCEE.