GhO na COP-28: Padrão mundial para emissões de hidrogênio verde é prioridade  

A Green Hydrogen Organization (GhO) lançou, neste domingo (3 de dezembro), na COP-28, o Standard 2.0 para o hidrogênio verde. Na mesa-redonda de lançamento, dois pontos chamaram a atenção: a necessidade de se estabelecer processos padronizados mundialmente para mensuração das emissões e certificação do hidrogênio verde, e a consideração da biomassa na sua produção.  

A padronização da certificação deve ser prioridade antes mesmo dos investimentos na produção de hidrogênio, porque ela dará segurança a compradores e produtores, ao mesmo tempo em que permitirá investimentos em escala, o que é condição fundamental para o barateamento do H2. 

Nesse sentido, Arun Sharma, do Adani Group, chamou a atenção para a dificuldade em incorporar o H2 nos países em desenvolvimento/emergentes. Segundo ele, a Índia não tem condições de assumir preços mais altos de fertilizantes produzidos a partir do hidrogênio verde. Assim, é necessário que haja um mercado internacional que gere a demanda em escala, reduzindo os custos do hidrogênio, para então conseguir utilizá-lo para a produção de fertilizantes no mercado interno.  

No evento também foi discutido o papel da biomassa que, pela primeira vez, é considerada como fonte de produção de H2 verde, embora apenas na condição de alternativa para geração de energia elétrica para uso na eletrólise.  

O processo de reforma de biogás, por outro lado, ainda não é considerado como possível rota pela GhO, apesar da importância da biomassa enquanto recurso renovável em particular no Brasil, como destacado por Rosana no debate. Nesse sentido, fica claro que a certificação ainda precisa expandir para considerar rotas de produção que vão além do H2 eletrolítico. 

O evento também contou com a participação de Marco Alverà, do TES; Elizabeth Gaines, da Fortescue; Claire Behar, Chief Commercial Officer, Hy Stor Energy; e Frank Peter, da Agora Industry, sob a moderação de Malcolm Turnbull, conselheiro da GhO.   

* Rosana Santos é diretora-executiva e Stefania Relva é consultora sênior do Instituto E+ Transição Energética. 

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