Principais conclusões:

  1. A adequação de recursos não é apenas sobre “quanto?”, mas também sobre “qual tipo?”. O sistema elétrico do futuro exigirá uma combinação de recursos flexíveis para abordar eficientemente a adequação dos recursos. Do lado da oferta, serão necessárias mais usinas de pico e mérito médio, e menos usinas de carga de base inflexíveis. Além disso, a ativação do potencial de flexibilidade pelo lado da demanda será crucial.

  2. A adequação de recursos deve ser avaliada em nível regional. Avaliações de adequação de recursos regionais reduzem os custos de se obter um sistema elétrico confiável e mitigam a necessidade de flexibilidade. Para um determinado padrão de adequação de recursos, a quantidade de recursos necessários diminui e as opções para equilibrar o sistema se expandem à medida que o tamanho do mercado aumenta.

  3. A reformulação dos mercados somente de energia (energy-only market) é uma opção sem arrependimento. Tornar o mercado somente de energia mais rápido e maior é crucial para atender ao desafio da flexibilidade. A integração adicional de mercados de curto prazo através das fronteiras, bem como a vinculação vertical dos diferentes segmentos (mercados de dia seguinte, intradiário e balanceamento) pode ajudar a reduzir os requisitos de flexibilidade. Isso também permitirá que os mercados reflitam melhor o valor em tempo real dos recursos de energia elétrica e balanceamento.

  4. Se a adequação de recursos for abordada por meio de um mecanismo de capacidade, a característica operacional dos recursos precisa ser o foco principal, ao invés da capacidade instalada. A segurança do fornecimento será cada vez mais uma questão dinâmica. Os futuros mecanismos de capacidade precisarão considerar isso focalizando não apenas a capacidade no sentido quantitativo, mas também as características operacionais. Isso minimizará os efeitos de arrastamento de preço dos mecanismos de capacidade para os mercados somente de energia elétrica, ao mesmo tempo em que promoverá maior confiabilidade a custos menores.

Resumo:

Se quisermos alcançar um sistema elétrico de baixo carbono competitivo e seguro na Europa, é essencial um desenho de mercado aperfeiçoado que enfatize o aumento da flexibilidade do sistema. Embora anteriormente as usinas de mérito médio e de carga de pico simplesmente seguissem a demanda, hoje, as tecnologias de energia renovável – especialmente eólica e solar – exigem resposta da demanda, capacidades flexíveis de geração, redes inteligentes e tecnologias de armazenamento refletindo a necessidade de maior flexibilidade.

Ao projetar um regime de mercado de energia elétrica apri­morado, devemos levar em conta as interações entre os vários elementos do sistema – sejam técnicos, regulatórios ou políti­cos. Os principais elementos que precisam ser considera­dos incluem os mercados de energia elétrica existentes, os esquemas de apoio às fontes renováveis, o planejamento e as operações da rede e, potencialmente, instrumentos adicionais, como mecanismos de capacidade de fornecimento.

Podem ser esperados enormes ganhos em termos de pros­peridade se a futura otimização do regime regulamentar dos mercados de energia elétrica for levada a cabo na Europa. A cooperação regional é um passo intermediário importante para alcançar uma solução europeia. O Fórum Pentalateral da Energia – uma iniciativa regional que compreende sete países (Áustria, Bélgica, França, Alemanha, Luxemburgo, Holanda e, como observador, Suíça) – está desempenhando um papel de liderança nesse contexto. Com base em seu passado histórico de cooperação regional, esses países intensificam suas ativi­dades com vistas à segurança regional do suprimento.

Este estudo pretende contribuir para as discussões atuais sobre o desenho de mercado ideal dentro e entre os países do Fórum Pentalateral da Energia – e além. Ele analisa as op­ções disponíveis para projetar os mercados de dia seguinte, intradiário, balanceamento e capacidade, ao mesmo tempo em que leva em consideração os requisitos de flexibilidade técnica dos futuros sistemas elétricos.