Os sistemas energéticos no mundo todo estão em fase de transformação. O processo que, no início, dependia das políticas de promoção criadas com o objetivo de mitigar a mudança do clima, hoje se apresenta como indutor de uma nova revolução industrial, capaz de mudar os fundamentos econômicos e sociais dos países. Isto é particularmente relevante para o Brasil, onde a abundância e diversidade dos recursos renováveis e a demanda por um desenvolvimento socioeconômico sustentado e equitativo andam pari passu.
Para apoiar a definição de estratégias e políticas capazes de aproveitar as potencialidades desta revolução industrial é importante avaliar experiências anteriores, mesmo que o seu contexto histórico seja diferente dos desafios e oportunidades atuais no Brasil.
Com este fim, esta publicação apresenta a experiência da Alemanha, que ficou conhecida pela criação do conceito de Energiewende, ou transição energética.
Na visão alemã dos anos noventa, a transição em direção a um sistema energético sustentável exigia a expansão das energias renováveis, a eficiência energética e a ampla participação da sociedade. Com estes fundamentos, a partir do ano de 1990, houve uma expansão da geração renovável da ordem de 980 por cento, e uma redução de 32 por cento nas emissões dos gases de efeito estufa no país. No mesmo período, a economia alemã cresceu 53 por cento, ao passo que o consumo de energia primária diminuiu 13 por cento.
É verdade que a Alemanha ainda enfrenta grandes desafios, mas a recente resolução de descontinuar a geração carbonífera até o ano 2038 e a discussão sobre a definição de metas de descarbonização da economia até o ano 2050 inspiram confiança de que o país seja capaz de seguir na direção de uma economia próspera e de baixo carbono.
As energias eólica e solar constituem o eixo central da Energiewende. Em todo o mundo, estas duas energias são abundantes e os custos tecnológicos de geração caem rapidamente. O Brasil se destaca pelo desenvolvimento destas fontes com recordes de baixo custo. Além disso, o país conta com abundância de outros potenciais renováveis, como é o caso da hidroeletricidade e da biomassa. O desenvolvimento equilibrado de todas as fontes de energia renovável de forma centralizada e distribuída traz a possibilidade de uma expansão econômica mais eficiente, sustentável e inclusiva.
Para alcançar este potencial de geração renovável com custo mínimo e máximo benefício econômico, social e ambiental é importante ampliar a compreensão e a discussão do importante processo de transição que isso implica.
Neste contexto, é preciso avaliar e compartilhar as lições, tanto positivas quanto negativas, da experiência alemã com a incorporação das energias renováveis.
Este documento responde a dez perguntas frequentes sobre a Energiewende. O seu objetivo é apresentar um panorama atual e pertinente da experiência alemã no setor energético, que será decisivo para descarbonizar também outros setores da sua economia.
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