04/2024

Resultados do leilão de transmissão favorecem a transição energética 

Publicado por: emais
Categoria: Análise E+

A conexão de diferentes infraestruturas de geração e centros de consumo torna os sistemas de transmissão essenciais para a transição energética, uma vez que tende a aumentar significativamente as possibilidades de uso de fontes renováveis de energia.  

No caso brasileiro, as ligações entre os subsistemas Nordeste e Sudeste são estratégicas nesse sentido, permitindo o escoamento da energia solar e eólica daquela região para locais com consumos mais elevados.  

Por isso, entendemos como muito positivos os resultados do leilão realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no dia 28 de março. Também vale lembrar que as conexões entre diferentes regiões melhoraram as condições de operação do sistema e aumentam a segurança do abastecimento. 

O leilão foi o segundo maior de contratação de linhas de transmissão da história, ficando atrás somente do que ocorreu no final de 2023 e que teve o maior lote arrematado pela empresa chinesa State Grid. Agora, os destaques em termos de participantes foram a Eletrobras, que arrematou quatro lotes, e o fundo Warehouse, que ficou com outros três. 

Transição justa – Mas, apesar da importância dos projetos e do deságio significativo em relação aos valores de receita anual permitida previstos (média de 40,62%), é preciso reconhecer e sempre levar em consideração que os custos de transmissão são repartidos entre o conjunto total de consumidores e afetam de forma crescente o valor final das contas de energia, em particular as dos consumidores mais pobres.  

Neste sentido, o modelo brasileiro de expansão e remuneração da transmissão, ao mesmo tempo em que proporciona o livre acesso e a otimização centralizada da operação do sistema, dentre outras vantagens, pode embutir uma alocação aos consumidores de custos inadequados. Por isso, é necessária muita atenção em relação ao custo desses sistemas.  

Outro ponto que vale destacar é que seria desejável uma maior integração entre o planejamento do setor elétrico e da indústria, considerando particularmente a expansão de setores intensivos em energia, para que os investimentos em transmissão resultem efetivamente em agregação de valor para o PIB brasileiro. Ou seja, além do atendimento da demanda futura com base nas taxas de crescimento estimadas com base nas características demográficas das regiões, entre outras, esses processos deveriam considerar, de forma integrada, projetos de polos de expansão verde do parque industrial, por exemplo. 

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